Ter, 12 de Abril de 2022 12:20

 

Em texto publicado no site Uol nesta terça-feira, 12, o colunista Carlos Juliano Barros afirma que, segundo entendimento comum, a digitalização da economia teria implodido os sindicatos ao permitir que as pessoas trabalhem por conta própria, de forma flexível, e que se comuniquem de maneira mais ágil com os responsáveis por sua contratação. “Intermediários, portanto, seriam dispensáveis”, afirma o autor.


Ainda de acordo com Carlos Juliano Barros, no entanto, dois episódios recentes e emblemáticos mostram que essas verdades não são tão verdadeiras assim. Ele cita a criação do primeiro sindicato de trabalhadores da Amazon, nos Estados Unidos, e da denúncia de que o iFood teria atuado para sabotar a mobilização de entregadores brasileiros por melhores condições de trabalho.


“No caso da gigante do e-commerce (Amazon) comandada por Jeff Bezos, essa não foi a primeira vez que a fundação de uma entidade representativa de funcionários capturou a atenção da opinião pública e entrou na mira da companhia”, escreve o colunista.


Um ano atrás, o movimento dos trabalhadores da planta de Bessemer, no Alabama, já havia ganhado as manchetes de jornais e o apoio de diversas personalidades do país, incluindo o presidente Joe Biden. Na ocasião, a big tech foi acusada de constranger os trabalhadores na votação que, no fim das contas, decidiu contra a formação do sindicato. Segunda maior empregadora dos Estados Unidos, atrás apenas do Walmart, a Amazon festejou.


“No Brasil, a plataforma líder do mercado de delivery de comida foi acusada de agir para esvaziar manifestações de entregadores. Uma reportagem da Agência Pública trouxe à tona evidências de uma máquina virtual de desmobilização. Por meio de perfis e memes criados por agências de marketing contratadas, o Ifood teria atuado para distrair o foco das reivindicações”, afirma também Carlos Juliano.


Os episódios apontam que “enquanto não houver organizações de trabalhadores massivas, capazes de bater de frente com companhias gigantescas que praticamente monopolizam seus segmentos de mercado, melhorias trabalhistas reais dificilmente serão conquistadas”, conclui o analista.

 

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